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sábado, 14 de julho de 2012

UM POUCO DA HISTÓRIA



Sidiney de Souza Breguêdo nasceu em 1972, no Estado de Minas Gerais, em Monte Azul, cidade de serras e diversas cachoeiras. Com apenas seis meses de idade veio para Brasília, a capital recém-inaugurada, com seus pais, Rosa Nunes do Carmo e Etelvino de Souza Breguêdo. Tudo foi prematuro na sua vida, aprendeu a ler sozinho e com pouco mais de onze anos já escrevia poesias e fazia desenhos dos mais variados, todavia devido ao histórico de sua família, começou a desenhar na areia do chão, como São Francisco de Assis. Fato notório era que os pais sempre foram evangélicos, da Igreja denominada Congregação Cristã no Brasil, cuja doutrina rigorosa não permitia assistir televisão, jogar futebol ou ler escritos (a maioria das histórias em quadrinhos ou livros infanto-juvenis eram proibidos na casa do autor). Em detrimento de tudo isso o jovem Breguêdo  começou a criar  ilustrações, na maioria das vezes mulheres nuas ou charges mostrando  injustiças sociais e criou um profundo amor pela leitura.

É lendário e curioso  como o próprio autor alega ter começado a sua carreira literária. Isso ocorreu aos oito anos de idade, na escola classe 15 da Ceilândia Sul, onde, inspirado por uma música do cantor Roberto Carlos, o poeta,  ainda criança, tentou seduzir uma coleguinha de escola. Naquele dia, Sidiney Breguêdo copiou de um livreto de cifras de músicas para violão, do seu irmão Daniel, um poema do referido cantor. Munido deste texto, e alegando ser seu, pediu atenção a todos no meio da aula e declamou para a pequena colega de sala. O que ocorreu em seguida foi uma sonora vaia, já que todos conheciam o verdadeiro autor. Triste e desolado  o latente poeta fez uma promessa: criaria  os mais belos  e originais poemas da língua portuguesa.

Não foram poucas as poesias introduzidas por este autor nos anais da  língua português, podemos citar:  “beijo na mão “, ”quando eu morrer”, “o alimento definitivo”, “a ilha”, “diálogo sobre o encontro com Florbela Espanca”, “hino de morte”, “o caderno perdido”, entre outros. Desta forma, já  podemos falar de uma poesia breguediana, com a característica principal da desconstrução da figura do poeta, o que fica latente em boa parte da sua obra. Assim,  o autor dá importância significativa aos detalhes, entalhando o próprio cotidiano e retirando a  auréola e as asas do bucólico poeta clássico.

Na sua temática salta aos olhos o homem comum, bruto, por vezes até estúpido. Ao mesmo tempo encantadora, sua poesia  é  forte como o martelo de Thor. Nos mais diversos poemas são  encontradas figuras de linguagem, onomatopéias e traços de uma rudeza sem igual, retrato de seres rudimentares. Em um poema  o autor diz não bater em mulheres com as mãos, mas destruí-las com a poesia. Em outro trecho diz ser um rascunho em um museu imaginário,  que cria com milho uma coleção de dicionários, vivendo no mundo das letras. Embora esteja inserido no mundo dos homens, sujeito a todas as suas adversidades, fica claro seu encanto, como vigia derradeiro e imparcial  da beleza esculpida nas relações modernas.

Em 2009 o artista trouxe para dentro do livro “O jacaré pensador” um apanhado de  dezessete anos de produção intelectual. Na ocasião  deu inicio a publicação de seus livros, que já vinham sendo mostrados em diversos sites de literatura. Publicou, então, o livro de contos “Frigorífico”, que trás uma seleção de contos surreais, sendo uma experiência extraordinária, que nos coloca frente a frente com nossa própria loucura. Logo depois veio “Meninos de ouro”, um livro que reúne poemas curtos do autor. Neste ritmo  nasceu também “Palhaços de fundo rosa”, inovando  e tornando mais alegre a poesia candanga, na Capital da República.

Com forte inspiração política e religiosa  Sidiney Breguêdo se ocupou em criar diversos personagens de histórias em quadrinhos. Os primeiros deles, “A peste suburbana” em parceria com os amigos Capilé e Regino, tratava-se de um grupo de jovens punks, retrato dos anos 80 e redemocratização do país. Mas, sem dúvida, seus personagens mais notáveis são a dupla “O padre e o anjo”, que recentemente virou livro. É a história de um padre bêbado e mulherengo que recebe como protetor, um anjo que será totalmente seduzido pelas aventuras terrenas.

O bardo é significativo representante da cultura brasiliense, tendo participado do movimento cultural da cidade de Ceilândia em diversas gerações. Participou ativamente do nascimento do Centro Cultural da Cidade, onde hoje, ocupa a cadeira 39 da ACLAP, Academia Ceilandense de Letras e Artes Populares.

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