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quarta-feira, 17 de abril de 2013

AMIGO

Meu amigo, não me esqueci
Nunca de você.
Noites eu amanheci
Na companhia branda
Vossa sombra,
Éramos árvores pequenas,
Fugíamos para os bares
E nos abraçávamos, tanta era
A bebedeira.
Com o pensamento sombrio
Balançávamos nossa bandeira.
Tu aleijavas mudar o mundo,
Não aceitava a fome
Na mesa brasileira.
Era um tempo em que eu
Ainda não havia
Amanhecido minhas idéias,
Meu corpo pairava ao longo
Do teu
A escutá-lo.
O que me ensinaria em uma
Mesa de bar,
Dissolvido dentro de uma taça
De vinho?
Engraçado ensinar-me-ia tudo!
Se hoje conheço
Que o meu destino é perdoar,
Foi naquela mesa de madeira
Sobre a égide
Da tua bandeira
Que me pus a pensar.
Como poderia conhecer
A sexta lua,
Se a casca grossa
E poeirenta da rua
Era a única peça do olhar.
Aprendi contigo a ver
Mais alto,
Enxergo hoje o outro lado.
Amigo, tens a fonte onde
Podes banhar-se na sabedoria.
Não guardes pranto para banhares
O rosto.
O obsoleto
Murmurar do vento
É o inseto
Que a nós passeia sedento
Castigando-nos quando lembramos
Da saudade,
Que já não nos encontra
No bar abraçados.
Apenas um sorriso
Sem hino, nem porquê
Solta-se disfarçado
Por entre os rostos madrepérolas.
Ofendido!!!
Eu estou ofendido,
Porque paramos de lutar.
Quantas aves alçam vôo
Na praia...
Nenhuma delas somos nós.
E os pobres
Soltam seus gemidos
Gritando por socorro,
Uma nação de poucos amigos
Descortina-se no horizonte.
E nós dois, amigo,
Somos utopia
Em um livro
De poesia.

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