ÍNDICE
- Blog (2)
- Cartum (20)
- Conto (3)
- Desenho (6)
- Despoliticalização (4)
- Mulheres (2)
- Notícia (1)
- O autor (2)
- O padre e o anjo (19)
- Peitos (2)
- Pintura (3)
- Poemas (24)
- Quadrinhos (8)
- Videos (2)
sábado, 27 de abril de 2013
quinta-feira, 25 de abril de 2013
O INTERCÂMBIO
Por Sidiney Breguêdo
Zuleica foi à casa da cunhada. Pra quê?
Descobriu que a outra tinha entrado em
um programa de intercâmbio. Para aprender outra língua. Tinha agora um homem
negro andando pela casa, completamente nu.
Ela, que estudava francês ficou pensando
naquilo. E o homenzarrão passava de um lado a outro com as coisas balançando. A
cunhada parecia não importar, dizia que estava aprendendo com facilidade a
língua a que se propunha. Quanto à nudez, achou que fosse cultural, não teve
coragem de perguntar.
Foi para casa e ficou sonhando. “hora,
se a cunhada tinha um, por que ela não poderia?” Resolveu pedir o seu. Não
falou nada para o marido, porque, afinal, era muito caro e não queria
assustá-lo.
Três dias depois chegou a caixa. Parecia
uma geladeira e não despertou a curiosidade dos vizinhos. Ficou no meio da
sala. Zuleica sentada no sofá não sabia o que fazer. Tinha até medo de abrir. E
se ele estivesse pelado? Será que o marido poderia lhe emprestar uma roupa.
Melhor não. Lembrou-se do negro na casa da cunhada, era um pecado vesti-lo.
Decidiu que era melhor abrir. Afinal, lá
dentro tinha um homem cansado. Havia atravessado o oceano e deveria precisar
descansar. Foi tirando as tiras de papelão apreensiva, estava bem empacotado. A
surpresa não foi pouca quando escutou a voz dentro da caixa.
─ Vamos, madame, rebola!
Era um português de nordestino. Daqueles
bem brasileiros. Terminou de desembrulhar o produto, mas ficou desconfiada.
Lá de dentro saiu um homem baixo que de
negro não tinha nada. Embora estivesse nu, Zuleica ficou decepcionada. Não
sabia como devolver o produto, mas foi a primeira coisa que pensou.
Tinha alguma coisa de falso nele. Já
chegou com um maço de cigarros na mão e a caixa onde veio era uma catinga só.
A mulher passou a desconfiar de que fosse
um perigoso bandido. Naquele dia não quis saber de treinar a língua francesa. O
baixinho, por outro lado, também não se apresentou para o ofício, sentou no
sofá, ajeitou os bagos e pegou o controle da tv tela plana.
Da cozinha fazendo o almoço escutava a
zoada. Volta e meia ele passava, com as coisa penduradas, aquela cara
previsível nos livros de Lombroso, bebia água e voltava para a sala. Às vezes
entrava no banheiro, fazia uma zoada medonha de xixi na água do vazo. Essa era
a rotina.
O marido chegou e ele estava lá.
Peladão. E o pior: com o controle na mão. O marido voltou vermelho para a
cozinha, por onde havia entrado.
─ Zuleica, tem um homem pelado lá na
sala!
─ Calma, amor, eu explico!
E ela falou do programa de intercâmbio.
Mas também falou para ele da sua frustação. Não que estava esperando um negro
alto e bonito, falou para o marido que estava desconfiada daquele homem. O
português dele era muito correto para um estrangeiro. Achava que iria aprontar.
De fato, o marido também ficou
desconfiado. Colocou uma faca na cintura, mas a mulher o desestimulou de
qualquer besteira. Não sabiam o quanto poderia ser perigoso. Aquele homem
parecia ser muito frio e o mataria com as próprias mãos.
Ficaram presos, de certa forma, tinham
medo de o homem pegar a tv de tela plana, por isso não saiam de casa. Os três
ficavam vendo televisão e nada das aulas de francês começar. Zuleica nem
queria. Esqueceu-se das aulas de francês, só pensava em se ver livre daquele
homem esquisito.
Já tinha uma semana sem ir trabalhar o
marido. O homem passava a tarde dormindo dentro da caixa. Era um folgado. Na
repartição pensavam que Oscar, como era chamado o marido de Zuleica, tinha
morrido ou coisa parecida. Foi, então, uma comitiva para a casa deles. Até o
Zacarias, com quem não se dava muito bem, chegou todo preocupado. Logo na
entrada, deu um pulo para trás. Deparou-se com o homem nu.
─ Opa, o que é isso Ceará!
Depois de tudo explicado em sutis
cochichos pelos cantos, estavam todos solidários ao problema e o estrangeiro
nem tchum. Até os vizinhos já sabiam
do homem nu da Zuleica. Estavam achando uma pouca vergonha. Ficavam fazendo de
conta que varriam a rua só para desgraçar a vida da pobre. Diziam:
─ O marido tem um jeito de corno!
─ Não tem?
Foi aí que o Zacarias teve a ideia. Subiu
na telha e ficou correndo lá encima. Fazendo zoada, como zoada de gato
namorando no telhado. Nada. Nem o fez bocejar.
Como Zuleica não era de muita conversa
foi para a cozinha passar um café, o primeiro a encher a xícara foi o atrevido
do estrangeiro. Deslizou por entre a multidão e saiu chupando o café, fazendo
aquele barulho horrível, que Zuleica tanto odiava. Era igual quando o marido
comia sopa de macarrão, chupava fazendo zoada, deus me livra, pensava ela.
Bom, o fato é que todos estavam na
cozinha bebendo café e não a viram sair de mansinho. Foi direto lá na caixa. O
poliglota estava refastelando, um ronco gostoso depois de um cafezinho. Quando
acordou estava todo amarrado. A mulher ao seu redor com os punhos cerrados.
Saiu água dos olhos do moço, mas ela bateu nele mesmo assim. Não parecia tão
mau. Encolhido e pelado lembrava uma ratazana molhada.
Quando o povo percebeu, Zuleica já tinha
feito o serviço. Agora era só embalar e mandar de volta através do programa
televisivo “de volta para minha terra”.
A mulher não se
esqueceu da despedida, Au revoir.
sábado, 20 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
quinta-feira, 18 de abril de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
AMIGO
Meu amigo, não me esqueci
Nunca de você.
Noites eu amanheci
Na companhia branda
Vossa sombra,
Éramos árvores pequenas,
Fugíamos para os bares
E nos abraçávamos, tanta era
A bebedeira.
Com o pensamento sombrio
Balançávamos nossa bandeira.
Tu aleijavas mudar o mundo,
Não aceitava a fome
Na mesa brasileira.
Era um tempo em que eu
Ainda não havia
Amanhecido minhas idéias,
Meu corpo pairava ao longo
Do teu
A escutá-lo.
O que me ensinaria em uma
Mesa de bar,
Dissolvido dentro de uma taça
De vinho?
Engraçado ensinar-me-ia tudo!
Se hoje conheço
Que o meu destino é perdoar,
Foi naquela mesa de madeira
Sobre a égide
Da tua bandeira
Que me pus a pensar.
Como poderia conhecer
A sexta lua,
Se a casca grossa
E poeirenta da rua
Era a única peça do olhar.
Aprendi contigo a ver
Mais alto,
Enxergo hoje o outro lado.
Amigo, tens a fonte onde
Podes banhar-se na sabedoria.
Não guardes pranto para banhares
O rosto.
O obsoleto
Murmurar do vento
É o inseto
Que a nós passeia sedento
Castigando-nos quando lembramos
Da saudade,
Que já não nos encontra
No bar abraçados.
Apenas um sorriso
Sem hino, nem porquê
Solta-se disfarçado
Por entre os rostos madrepérolas.
Ofendido!!!
Eu estou ofendido,
Porque paramos de lutar.
Quantas aves alçam vôo
Na praia...
Nenhuma delas somos nós.
E os pobres
Soltam seus gemidos
Gritando por socorro,
Uma nação de poucos amigos
Descortina-se no horizonte.
E nós dois, amigo,
Somos utopia
Em um livro
De poesia.
Nunca de você.
Noites eu amanheci
Na companhia branda
Vossa sombra,
Éramos árvores pequenas,
Fugíamos para os bares
E nos abraçávamos, tanta era
A bebedeira.
Com o pensamento sombrio
Balançávamos nossa bandeira.
Tu aleijavas mudar o mundo,
Não aceitava a fome
Na mesa brasileira.
Era um tempo em que eu
Ainda não havia
Amanhecido minhas idéias,
Meu corpo pairava ao longo
Do teu
A escutá-lo.
O que me ensinaria em uma
Mesa de bar,
Dissolvido dentro de uma taça
De vinho?
Engraçado ensinar-me-ia tudo!
Se hoje conheço
Que o meu destino é perdoar,
Foi naquela mesa de madeira
Sobre a égide
Da tua bandeira
Que me pus a pensar.
Como poderia conhecer
A sexta lua,
Se a casca grossa
E poeirenta da rua
Era a única peça do olhar.
Aprendi contigo a ver
Mais alto,
Enxergo hoje o outro lado.
Amigo, tens a fonte onde
Podes banhar-se na sabedoria.
Não guardes pranto para banhares
O rosto.
O obsoleto
Murmurar do vento
É o inseto
Que a nós passeia sedento
Castigando-nos quando lembramos
Da saudade,
Que já não nos encontra
No bar abraçados.
Apenas um sorriso
Sem hino, nem porquê
Solta-se disfarçado
Por entre os rostos madrepérolas.
Ofendido!!!
Eu estou ofendido,
Porque paramos de lutar.
Quantas aves alçam vôo
Na praia...
Nenhuma delas somos nós.
E os pobres
Soltam seus gemidos
Gritando por socorro,
Uma nação de poucos amigos
Descortina-se no horizonte.
E nós dois, amigo,
Somos utopia
Em um livro
De poesia.
terça-feira, 16 de abril de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
quarta-feira, 3 de abril de 2013
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