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quinta-feira, 17 de setembro de 2020

POEMAS PRETOS


Eu leio um livro

Às três da manhã

E os grilos gritam

Absurdos de poesias.

Mas atenção não presto

À sua cantoria.

No meu livro,

Um silêncio gótico

Goteja poemas pretos.

sábado, 11 de julho de 2020

A GAROTA AMARELA

Nunca mais eu vi
Aquela garota
Que caminhava
Com as mãos torcidas
Para fora.
Aquela mulher
Fantástica, no miúdo rebolado,
Que recebia o cabelo de mel
Que descia da sua cabeça.
Esculpida de forma tão estúpida.
Dois olhos meio gordos,
De grandes cílios batalhadores,
Que perscrutava
Os desenhos verticais
Que passeavam.
Era gostoso de vê
Seu bumbum circular,
Geométrico nos detalhes,
Mas humano na forma de
Se mexer.
Estou com saudade de vê-la
Caminhar na pista da administração
Onde, sempre, eu a encontrava
Para caminhar lado a lado,
Ela não me conhecia
Eu era uma sombra que brotou
Ali do lado,
Para soprá-la,
Que era pétala de rosa solta
Que voou.

Breguêdo 2002

As cervejas de ontem


O teste do Presidente da República


COMO NO SONHO DE HOJE

Eu vi você
Cair do céu
E não estava
Do seu lado
Quando você subiu
Um furacão rasgou
A cidade
E na minha idade
Eu não me interessei.
Era você que
Causava alvoroço
Poe trás das melhores ideias.
Ficar sem você
É desastroso.
É um plugue sem tomada
Recebendo a cada hora
Uma descarga elétrica
Das mais cruéis intenções.
O mercado sem biscoitos
Daria dos dez
Pelo menos oito
Para não vê-la triste de novo.
Na rua os carros sem zoada
E eu ignorando
Vou por baixo de todas
As escadas
Sem medo do azar.
Só amei você
E nunca te dei flores.
Só amei você
Em esquinas fedidas
E nos melhores cobertores.
Agora as TVs desligadas
Já dizem tudo,
Não tem e-mail
Na caixa de entrada.
O carteiro passa
Sem me cumprimentar,
Que tal a saudade
Daquele amarelo?
Que tal...
No quarto você ainda
Está na cama
E um coração branco
Aos poucos
Vai ficando vermelho.

BREGUÊDO 2009