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domingo, 2 de junho de 2013



OS POMBOS PRETOS


Como os pombos pretos

Sabem tampar o sol

Enquanto caçam mariposas.

São românticos

Dando na boca das esposas.

E eu na cadeira de balanço

Vendo tudo.

Surgiu no meu peito

Um furo.

Como fiquei assustado

Quando aquele pombo preto

Saiu dele.

Olhei para os lados,

Lá no asfalto

Os pombos comiam

Sem perceberem o que eu fazia,

Coloquei o dedo e abri

O buraco que fazia de mim um arco.

Entrei no coração

E me escondi

Do mundo medonho.

Sai depois de algumas horas

E o mundo

Estava devastado.

Aquele pouco tempo

No coração

Foram anos do lado de fora.

Andei pelas ruas,

As casas eram pombais medonhos,

Não tinha estrelas,

Não tinha sol, nem lua.

A rua era coisa crua.

Sem poesia,

Nem mesmo a dos miseráveis.

Nem mesmo a do augusto.

Pombos e mais pombos,

Como corvos negros,

Era a performance que se via.

Neste mundo,

Vivo dentro do coração.

Bondade,

Paz,

Tranquilidade
 
Que não deixa envelhecer.